Federação de Fortaleza, 22 anos. A noite em que o céu tocou a Terra
Naquela noite de março, dia 22, a Igreja Nova Canaã resplandeceu como se o próprio céu tivesse descido ao Conjunto Ceará. Era o 22º aniversário da Federação de Homens de Fortaleza, mas parecia muito mais: uma apoteose, uma consagração, um capítulo bíblico reescrito com suor e fé.
A cidade, indiferente e pecadora, girava lá fora, mas ali dentro, sob a luz morna dos vitrais e o rumor devoto das orações, homens de todas as idades vestiam suas melhores roupas e carregavam no peito o fervor de quem sabe que a eternidade não espera. Na primeira fila, postavam-se as lideranças eclesiásticas, cada uma com a solenidade de um profeta antigo.
O secretário presbiterial, reverendo Júlio César, com a gravidade de um general do Senhor; o presidente do presbitério, reverendo Daniel Campos, com a serenidade de quem conhece o peso da palavra; o presidente da Confederação Sinodal do Ceará, presbítero Francisco Eloi, cuja presença bastava para lembrar que a fé, quando bem cultivada, se torna um carvalho inabalável; e o secretário sinodal, presbítero Mário Cordeiro, que tinha nos olhos aquele brilho dos que já viram o milagre e ainda se espantam com ele.
Mas a noite esperava algo mais. Esperava o verbo em chamas, a verdade que vem como uma espada. E foi quando subiu ao púlpito o reverendo Diego Fernandes, secretário executivo do Presbitério de Fortaleza, que os corações se inflaram, os olhos se umedeceram, e os pecadores se encolheram como crianças diante do trovão. Sua pregação não era um discurso, era um terremoto. Falava da graça como quem fala da própria carne, da salvação como quem já a tocou com as mãos. Cada palavra era um raio cortando a escuridão das dúvidas, cada pausa era um convite ao arrependimento.
Ao final, quando as últimas orações se dissiparam no ar, os fiéis saíram diferentes. Havia algo nos olhos de cada um, um brilho novo, uma consciência transformada. Fortaleza, lá fora, seguia a mesma – cheia de ruídos com as comemorações do Ceará por mais um título estadual em cima de grande rival –, mas dentro de cada homem que esteve ali naquela noite, algo novo se acendeu, muito melhor do que a alegria efêmera que o futebol nos proporciona. E essa chama, sabiam todos, não se apagaria. É o evangelho de Cristo em nossas mentes e corações.