O Dia em que a fé virou concreto, construindo sonhos, erguendo a esperança e o amor
O sol, como é comum nesta região de Minas que faz divisa com o Espírito Santo, ainda ensaiava seus primeiros sinais de calor quando os primeiros passos apressados começaram a marcar presença no povoado de Conceição do Capim. Era sábado, 29 de março, mas não era um sábado qualquer: era dia de colocar a mão na massa, literalmente, imbuídos do espírito do Projeto Mão na Massa da CNHP, que na região da Federação de Resplendor, que integra a Sinodal Minas-Espírito Santo, ganhou sua própria versão.
A poeira fina do distrito, de apenas 1,2 mil moradores e localizado a 20 km de da sede do município de Aimorés, levantava no ar como um incenso improvisado, enquanto a BR-474 seguia seu curso ali ao lado, até passar por Ipanema e chegar em Caratinga, onde se encontra com a famosa BR 116, indiferente ao que se tramava na pequena congregação. No entanto, quem conhecia o espírito daquela gente sabia que, por ali, as grandes histórias nasciam do suor e da comunhão.
O pastor Marcelo Mariano, da equipe pastoral da Primeira IP de Aimorés, a qual a congregação de Conceição pertence, chegou cedo, já com aquela disposição de quem vê um galpão não apenas como um monte de tijolos e cimento, mas como um templo de trabalho e fé. Ao seu lado, presbíteros e diáconos, irmãos e irmãs, todos com um brilho nos olhos que não vinha apenas do reflexo do sol.
E quem diria? Entre pregos, serragem e o cheiro de argamassa, lá estavam Maria José Rangel; Cirléia e Fabíola Noibauer, que mesmo grávida de gêmeas, olhava a tudo e todos com aquele olhar de quem constrói duas coisas ao mesmo tempo: um lar e uma igreja. As demais irmãs da SAF, ao lado da pequena Rebeca Noibauer, sempre incansáveis, ora passavam café, ora seguravam um balde, ora ajeitavam um detalhe aqui e outro ali.
O vereador Lili Parente também apareceu, talvez para ver se a política aprendia alguma coisa com aquela turma que trabalhava sem promessas nem discursos. O diácono Abdênego Francisco dos Santos, com seus 80 anos, exibia a serenidade de quem já vira muita coisa nessa vida, mas ainda se emocionava com uma pá de cimento bem misturada.
Não faltaram ilustres ajudantes: presbíteros Pedro Caetano Brági e Henrique Noibauer, irmãos da congregação, moradores locais, gente que nunca vira um alicerce tão firme ser construído não só com concreto, mas com amizade e dedicação.
Vale lembrar que vários irmãos contribuíram financeiramente para a execução da obra (das Igrejas e congregações do Presbitério de Resplendor), mostrando que, mesmo à distância, a fé se manifesta não apenas em palavras, mas também em gestos concretos de apoio e amor cristão
E quando a fome ameaçava ser mais forte do que a boa vontade, lá estava o café reforçado, o almoço digno de um banquete de reis e, para fechar o dia, um lanche de despedida, com gosto de dever cumprido e promessas renovadas.
O galpão ganhou forma, o piso foi assentado e, entre risadas, calos nas mãos e histórias que daqui a anos ainda serão contadas, uma certeza pairava no ar: naquele sábado, o céu tocou o chão de Conceição do Capim e o trabalho presbiteriano fincou mais um importante alicerce.